As versões do Grito do Ipiranga:

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010


A Versão do Padre Belchior:

D. Pedro, tremendo de raiva, arrancou de minhas mãos os papéis e, amarrotando-os, pisou-os, deixou-os na relva. Eu os apanhei e guardei. Depois, virou-se para mim e disse: 


- "E agora, padre Belchior?" E eu respondi prontamente:
- "Se V. Alteza não se faz rei do Brasil será prisioneiro das Cortes e, talvez, deserdado por elas. Não há outro caminho senão a independência e a separação.”


D. Pedro caminhou alguns passos, silenciosamente, acompanhado por mim, Cordeiro, Bregaro, Carlota e outros, em direção aos animais que se achavam à beira do caminho. De repente, estacou já no meio da estrada, dizendo-me: 


- "Padre Belchior, eles o querem, eles terão a sua conta. As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Pois verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações; nada mais quero com o governo português e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal."

Respondemos imediatamente, com
entusiasmo: 


- "Viva a Liberdade! Viva o Brasil separado! Viva D. Pedro!" 


O príncipe virou-se para seu ajudante de ordens e falou:


- "Diga à minha guarda, que eu acabo de fazer a independência do Brasil. Estamos separados de Portugal." 


O tenente Canto e Melo cavalgou em direção a uma venda, onde se achavam quase todos os dragões da guarda.


Depoimento do Coronel Marcondes (barão de Pindamonhangaba):

Poucos minutos poderiam ter-se passado depois da retirada dos referidos viajantes (Bregaro e Cordeiro), eis que percebemos que o guarda, que estava de vigia, vinha apressadamente em direção ao ponto em que nos achávamos. Compreendi o que aquilo queria dizer e, imediatamente, mandei formar a guarda para receber D. Pedro, que devia entrar na cidade entre duas alas. Mas tão apressado vinha o príncipe, que chegou antes que alguns soldados tivessem tempo de alcançar as selas. Havia de ser quatro horas da tarde, mais ou menos. Vinha o príncipe na frente. Vendo-o voltar-se para o nosso lado, saímos ao seu encontro. Diante da guarda, que descrevia um semicírculo, estacou o seu animal e, de espada desembainhada, bradou:


- "Amigos! Estão, para sempre, quebrados os laços que nos ligavam ao governo português! E quanto aos topes daquela nação, convido-os a fazer assim." E arrancando do chapéu que ali trazia, a fita azul e branca, a arrojou no chão, sendo nisto acompanhado por toda a guarda que, tirando dos braços o mesmo distintivo, lhe deu igual destino.


- "E viva o Brasil livre e independente!" gritou D. Pedro. Ao que, desembainhando também nossas espadas, respondemos: - "Viva o Brasil livre e independente! Viva D.Pedro, seu defensor perpétuo!" E bradou ainda o príncipe:


- "Será nossa divisa de ora em diante: Independência ou Morte!". Por nossa parte, e com o mais vivo entusiasmo, repetimos:


"Independência ou Morte!"

0 comentários:

Postar um comentário

Antes de publicarmos o seu comentário ele deverá passar por avaliação da Equipe do Blog. Comentários Anônimos não serão publicados, deixe seu nome ao menos ao final do seu comentário.

Comente este Artigo.
Ou apenas quer entrar em contato conosco? Clique Aqui

Continue a acessar nosso blog e a comentar os artigos.

 
[História em Foco] | by TNB ©2010