A Guerra entre portugueses e brasileiros pela independência da colônia

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010


Uma das coisas mais comuns de se ver hoje é brasileiros e portugueses juntos, por exemplo, torcendo para o Vasco ou vendo as novelas e minisséries da TV. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, esse clima já foi muito hostil em tempos de independência do Brasil.

Nas ruas, no ano da independência brasileira, as pessoas viviam se digladiando e mesmo eram mortas friamente. O médico Cipriano Barata, numa edição do Jornal Sentinela da Liberdade disse:

"Ensopai a terra no sangue dos tiranos portugueses. Rasgai as entranhas desses monstros" *

No livro 1822, o jornalista Laurentino Gomes diz que "na semana do Fico, bandos de portugueses armados percorriam as ruas do Rio de Janeiro em atitude de desafio aos brasileiros que apoiavam a decisão do príncipe regente de contrariar as cortes de Lisboa e permanecer no Brasil."


O livro trás ainda um fato que ocorreu na procissão tradicional de São José,  o santo padroeiro dos comerciantes portugueses, foi interrompida por dezenas de pedras atiradas do alto dos morros por filhos de escravos, a mando de seus senhores, brasileiros por sinal.

No entanto a guerra luso-brasileira não era somente armada. Havia uma onda de mudanças de nomes portugueses por nomes indígenas, de animais e de árvores de fauna e flora brasileira, como forma de demonstrar adesão à independência do Brasil. Vejamos algumas mudanças de nomes:

  • Francisco Gomes Brandão >> Francisco Gê Acaiaba de Montezuma. Gê e Acaiaba eram nomes indígenas do Brasil e Montezuma homenageava o penúltimo imperador azteca.
  • Padre Antônio de Sousa >> Padre Antônio Cabra-Bode.
  • Joqaquim José da Silva >> Joaquim José da Silva Jacaré.
  • José Caetano de Mendonça >> acrescentou Jararaca ao sobrenome.
Um caso curioso, foi o do piloto José Maria Migués, que publicou:

"José Maria Migués, o piloto, anuncia ao público que os sentimentos liberais de que a natureza o dotou, e a terrível aversão que sempre tiveram os honrados pernambucanos ao monstruoso despotismo, não o deixam hesitar por mais tempo no desprezo que faz aos vis sarcasmos dos portugueses falsamente intitulados defensores da liberdade, uma vez que o egoísmo que reina nos corações tão avaros intenta escravizar o Império Diamantino e querendo o anunciante não discrepar da união sentimental de seus patrícios, roga aos senhores brasileiros e inimigos do despotismo o reconheçam por José Maria Bentevi." **

Este é só um ponto da guerra entre Brasil e Portugal pela independência da colônia, o Brasil. Nos próximos dias continuaremos a falar sobre o assunto.

Notas:

* Tobias Monteiro, História do Império: o Primeiro Reinado, Página 49.
** Isabel Lustosa, Insultos impressos, página 55

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