Nas ruas, no ano da independência brasileira, as pessoas viviam se digladiando e mesmo eram mortas friamente. O médico Cipriano Barata, numa edição do Jornal Sentinela da Liberdade disse:
"Ensopai a terra no sangue dos tiranos portugueses. Rasgai as entranhas desses monstros" *
O livro trás ainda um fato que ocorreu na procissão tradicional de São José, o santo padroeiro dos comerciantes portugueses, foi interrompida por dezenas de pedras atiradas do alto dos morros por filhos de escravos, a mando de seus senhores, brasileiros por sinal.
No entanto a guerra luso-brasileira não era somente armada. Havia uma onda de mudanças de nomes portugueses por nomes indígenas, de animais e de árvores de fauna e flora brasileira, como forma de demonstrar adesão à independência do Brasil. Vejamos algumas mudanças de nomes:
- Francisco Gomes Brandão >> Francisco Gê Acaiaba de Montezuma. Gê e Acaiaba eram nomes indígenas do Brasil e Montezuma homenageava o penúltimo imperador azteca.
- Padre Antônio de Sousa >> Padre Antônio Cabra-Bode.
- Joqaquim José da Silva >> Joaquim José da Silva Jacaré.
- José Caetano de Mendonça >> acrescentou Jararaca ao sobrenome.
Um caso curioso, foi o do piloto José Maria Migués, que publicou:
"José Maria Migués, o piloto, anuncia ao público que os sentimentos liberais de que a natureza o dotou, e a terrível aversão que sempre tiveram os honrados pernambucanos ao monstruoso despotismo, não o deixam hesitar por mais tempo no desprezo que faz aos vis sarcasmos dos portugueses falsamente intitulados defensores da liberdade, uma vez que o egoísmo que reina nos corações tão avaros intenta escravizar o Império Diamantino e querendo o anunciante não discrepar da união sentimental de seus patrícios, roga aos senhores brasileiros e inimigos do despotismo o reconheçam por José Maria Bentevi." **
Este é só um ponto da guerra entre Brasil e Portugal pela independência da colônia, o Brasil. Nos próximos dias continuaremos a falar sobre o assunto.
Notas:
* Tobias Monteiro, História do Império: o Primeiro Reinado, Página 49.
** Isabel Lustosa, Insultos impressos, página 55
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